domingo, 19 de julho de 2009

O elefantinho que queria voar! (Marlene Cerviglieri)

Eram todos muito unidos, numa família muito grande mesmo.
As brincadeiras dos macacos eram constantes e divertidas.
As cachorrinhas, então, uma gracinha, todas branquinhas e algumas com a cabeça cor de rosa!Havia a família das cobras que não se misturavam muito, estavam sempre dormindo e pareciam famintas o tempo todo.
O Urso marrom já estava muito velhinho e quase não saía de seu cantinho, apesar de ainda participar das funções do circo.
Havia também os Elefantes que apesar de serem muito grandes, eram meigos e brincalhões.
Estavam sempre alcançando as coisas com suas trombas compridas.
Esta família tinha um filhinho, um Elefantinho cinza muito engraçadinho.
Já estava em treinamento para participar das funções do circo.
Toda vez que o traziam de volta para seus pais, ele reclamava.
-Não quero ficar dando voltinhas no picadeiro
- E o que você quer fazer? Perguntou seu pai que todo dia ouvia a reclamação do filho.
- Eu quero aprender a voar, papai, igual ao trapezista!
Nem preciso dizer que o papai Elefante quase caiu sentado ao ouvir isto.
- Como você quer aprender a voar meu filho?
- Ora, aprendendo com o treinador.
- Filho, venha até aqui bem perto de mim e me ouça: Não quero que você se aborreça com o que vou lhe dizer. Preste atenção: veja o meu tamanho.
- Sim, papai, e daí?
- Você vai ficar do meu tamanho e levar as bailarinas em suas costas. Vai ser muito forte e bonito. Com todo o peso que terá será muito difícil pular de um trapézio para outro!
- Você quer dizer que serei gordo e não poderei voar?
- Não te chamei de gordo, mas nós, os elefantes, somos grandes e fortes. Você já imaginou se o Macaco for carregar as bailarinas nas costas?
O Elefantinho riu...
- Seria bem gozado e ele ficaria todo desmontado, coitadinho.
- Então, meu filho, o que te quero dizer é que nem sempre podemos sonhar muito alto, acabamos num tombo. Porém se deve sonhar dentro daquilo que poderemos ter condições de fazê-lo. Cada um aqui tem sua família, e são adestrados dentro do que eles podem fazer. Não fique triste! Um dia entenderá o que estou dizendo.
O Elefantinho ficou todo amuado num canto pensando no que havia ouvido.
Teimoso que era, sem que ninguém percebesse, entrou no picadeiro.
Àquela hora não havia ninguém.
- Se não vou poder voar quando for grande, farei agora que sou mais leve e menor.
Lá foi ele tentar subir a escada para chegar ao topo do trapézio para voar.
É claro que não conseguiu subir na escada, mas derrubá-la.
Todos correram para ajudar o Elefantinho que estava embaixo da escada.
O pai Elefante chegou e com sua força e tromba tirou-o de lá.
- Como você esta meu filho? Machucou-se muito?
- Mais ou menos papai. Acho que quebrei uma de minhas pernas.
Veio o amestrador e medicou o Elefantinho, e ainda pediu desculpas por ter deixado a escada no caminho.
- Nunca esqueço de guardá-la, mas hoje me distraí, falava ele para o dono do circo que estava muito bravo.
Já medicado e em seu cantinho, o Elefantinho pensava:
- Que tolo fui apesar da lição de meu pai. Se eu o tivesse escutado não estaria com essa perna toda enfaixada.E a dor que senti quando a escada caiu!
Às vezes queremos fazer alguma coisa diferente só porque vimos outros fazerem.
Podemos até fazer algo diferente, desde que existam possibilidades para isso.
Ouvir o conselho dos pais ou avós e até mesmo de amigos é interessante.
Assim adormeceu.
No outro dia seus amigos o visitaram.
O dono do circo também. Deu-lhe uns tapinhas nas costas e disse:
- Meu caro Elefantinho, tenha mais cuidado, pois conto com você para novas apresentações. Só você poderá fazê-lo com seu tamanho e força. Portanto, se cuide, meu caro.
O Elefantinho ficou tão alegre e percebeu que ser grande e gordo por natureza também serve para alguma coisa!
- Que voar que nada, vou ficar com minhas patas bem aqui na terra.

É, meu amiguinho! Aprenda com o Elefantinho. Não queira ser diferente. Seja você mesmo e sonhe bastante, mas com muito cuidado!


Marlene Cerviglieri
Nascida em Santo André, São Paulo, Brasil.
Pedagoga, Psicóloga, Escritora de contos, poesias e livros infanto-juvenis.
Dedica-se até hoje a estudar as crianças e suas emoções.
Tem proferido palestras com temas atuais, acompanhadas, de dinâmica de grupo e relaxamento. Na cidade de Santo André atuou como Conselheira de Cultura da Prefeitura e Presidente do grupo de escritores GESA.
Seus trabalhos são divulgados em diversos sites.
E-mail: mcerviglieri@yahoo.com.br

3 comentários:

  1. O mundo das histórias infantis é cativante.
    Parabéns pelo seu blog!

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  2. Gostei do Elefantinho... Valéria, indiquei seu blog para o Selo de Ouro. Veja no Lápis Virtual.Um abração!

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