Fazia meses que vinha esperando pelo passeio, pois adorava ficar perto da Vovó Hortência e do Vovô Luís.
Corria e brincava o dia todo. E quando a noite se aproximava, a menina mal conseguia tomar o banho e jantar, pois estava muito cansada.
Mas Vovó era firme no taco e sem banho ninguém ficava naquela casa.
A cozinha tinha cheiro de pão que acabou de sair do forno. Era uma delícia!
A cama era macia e os lençóis muito branquinhos cheiravam à limpeza.
Era um convite ao descanso e até mesmo à preguiça.
A noite sobrevoava a fazenda e mal dava tempo do sono sonhar.
E todos se levantavam quando o galo cantava.
O café da manhã era um banquete.
Tinha pão caseiro, requeijão fresquinho, biscoitos e um leite muito gordo e gostoso.
Tinha bolo de fubá, de cenoura com chocolate, de laranja e até de abacaxi.
Carolina saía da mesa quase rolando de tanto comer e a Vovó sorria satisfeita.
Criança é um bichinho engraçado mesmo! Por mais atividade que tenha, sempre quer mais e Carolina não fugia à regra.
- Vovó! Do que eu vou brincar agora?
- Ah, minha filha! Tem tanta coisa pra fazer. Por que você não faz um colar de flores pra Vovó?
- Isso eu já fiz ontem.
- Então, por que você não vai pintar aqueles livrinhos lindos que a sua mãe mandou junto com os seus brinquedos?
- Tô sem vontade, Vovó. Eu queria fazer alguma coisa diferente!
- Ai, minha santa Filomena! Mande uma inspiração! A minha neta quer brincar de alguma coisa bem diferente!
- Quem é essa tal de Filomena, Vovó?
- É uma santa muito inteligente que me ajuda nas horas de apuro.
- E o que ela está falando pra você?
- Não estou conseguindo ouvir! Você não pára de falar!
E Vovó Hortência caiu na risada vendo a cara de espanto da neta.
Depois de pensar uns minutos, os olhos da Vovó brilharam de animação e ela disse:
- Já sei, Carolina! Vamos fazer bolinhas de sabão! E pra isso, vamos precisar de um caule de mamoeiro e uma caneca com água e detergente. O que acha?
- Adorei, Vovó! Quem chegar por último no mamoeiro é mulher do sapo!
Em pouco tempo, as duas estavam sentadas na varanda, fazendo bolinhas de sabão.
E eram tantas as bolinhas de todos os tamanhos, que o sol ficou muito assanhado, achando que elas eram espelhos onde ele poderia se admirar.
A cada sopro, muitas bolinhas invadiam a tarde e pareciam crianças alegres e agitadas.
Às vezes saíam aos pares e Vovó achou que pareciam comadres tagarelando sem parar.
De repente, Carolina fez uma bola muito grande e ficou com pena dela.
- Coitadinha! Ela está muito sozinha.
- É verdade, Carolina. Mas, olhe bem! Ela é única e por isso mesmo, muito especial. Veja como ela brilha. Parece uma rainha!
Vovô Luís chegou e ficou admirando a esposa. Ela estava muito linda e parecia uma menina.
Então, ele se sentou perto dela e falou:
- Minha Hortência! Veja como as bolinhas de sabão são criaturinhas puras e sem vaidade! Elas nem sabem o quanto são belas!
- É verdade, Luís. Elas vivem para colocar sorrisos nos rostos das pessoas de todas as idades.
- Vovô e Vovó estão namorando? Perguntou Carolina, soltando uma risada marota.
- Estamos sempre namorando, querida. É amor!
Vovô Luís soprou o ar do canudinho e duas bolinhas de sabão, muito lindas, formaram um coração e foram subindo, subindo, subindo...
- Como você fez isso, Vovô?
Valéria Nogueira Eik
Fotografias, histórias infantis, crônicas, poemas e contos publicados em vários sites literários. Editora da revista de literatura e arte Conexão Maringá http://www.conexaomaringa.com
Blog (Mosaico): http://valeriaeik.blogspot.com/
É muito estranho, anda me lembro de brincar com meus avòs, e hoje é meu neto que brinva comigo.
ResponderExcluirUma delícia!
ResponderExcluirAdorei conhecer!
bjs
Nossa fiquei encantada com a historia
ResponderExcluirMuito bom ter lido.
Obrigada