quinta-feira, 11 de junho de 2009

BOLINHAS DE SABÃO (Valéria Nogueira Eik)

Carolina foi passar uns dias na casa dos avós, que moravam na fazenda.
Fazia meses que vinha esperando pelo passeio, pois adorava ficar perto da Vovó Hortência e do Vovô Luís.
Corria e brincava o dia todo. E quando a noite se aproximava, a menina mal conseguia tomar o banho e jantar, pois estava muito cansada.
Mas Vovó era firme no taco e sem banho ninguém ficava naquela casa.
A cozinha tinha cheiro de pão que acabou de sair do forno. Era uma delícia!
A cama era macia e os lençóis muito branquinhos cheiravam à limpeza.
Era um convite ao descanso e até mesmo à preguiça.
A noite sobrevoava a fazenda e mal dava tempo do sono sonhar.
E todos se levantavam quando o galo cantava.
O café da manhã era um banquete.
Tinha pão caseiro, requeijão fresquinho, biscoitos e um leite muito gordo e gostoso.
Tinha bolo de fubá, de cenoura com chocolate, de laranja e até de abacaxi.
Carolina saía da mesa quase rolando de tanto comer e a Vovó sorria satisfeita.
Criança é um bichinho engraçado mesmo! Por mais atividade que tenha, sempre quer mais e Carolina não fugia à regra.
- Vovó! Do que eu vou brincar agora?
- Ah, minha filha! Tem tanta coisa pra fazer. Por que você não faz um colar de flores pra Vovó?
- Isso eu já fiz ontem.
- Então, por que você não vai pintar aqueles livrinhos lindos que a sua mãe mandou junto com os seus brinquedos?
- Tô sem vontade, Vovó. Eu queria fazer alguma coisa diferente!
- Ai, minha santa Filomena! Mande uma inspiração! A minha neta quer brincar de alguma coisa bem diferente!
- Quem é essa tal de Filomena, Vovó?
- É uma santa muito inteligente que me ajuda nas horas de apuro.
- E o que ela está falando pra você?
- Não estou conseguindo ouvir! Você não pára de falar!
E Vovó Hortência caiu na risada vendo a cara de espanto da neta.
Depois de pensar uns minutos, os olhos da Vovó brilharam de animação e ela disse:
- Já sei, Carolina! Vamos fazer bolinhas de sabão! E pra isso, vamos precisar de um caule de mamoeiro e uma caneca com água e detergente. O que acha?
- Adorei, Vovó! Quem chegar por último no mamoeiro é mulher do sapo!
Em pouco tempo, as duas estavam sentadas na varanda, fazendo bolinhas de sabão.
E eram tantas as bolinhas de todos os tamanhos, que o sol ficou muito assanhado, achando que elas eram espelhos onde ele poderia se admirar.
A cada sopro, muitas bolinhas invadiam a tarde e pareciam crianças alegres e agitadas.
Às vezes saíam aos pares e Vovó achou que pareciam comadres tagarelando sem parar.
De repente, Carolina fez uma bola muito grande e ficou com pena dela.
- Coitadinha! Ela está muito sozinha.
- É verdade, Carolina. Mas, olhe bem! Ela é única e por isso mesmo, muito especial. Veja como ela brilha. Parece uma rainha!
Vovô Luís chegou e ficou admirando a esposa. Ela estava muito linda e parecia uma menina.
Então, ele se sentou perto dela e falou:
- Minha Hortência! Veja como as bolinhas de sabão são criaturinhas puras e sem vaidade! Elas nem sabem o quanto são belas!
- É verdade, Luís. Elas vivem para colocar sorrisos nos rostos das pessoas de todas as idades.
- Vovô e Vovó estão namorando? Perguntou Carolina, soltando uma risada marota.
- Estamos sempre namorando, querida. É amor!
Vovô Luís soprou o ar do canudinho e duas bolinhas de sabão, muito lindas, formaram um coração e foram subindo, subindo, subindo...
- Como você fez isso, Vovô?


Valéria Nogueira Eik
Fotografias, histórias infantis, crônicas, poemas e contos publicados em vários sites literários. Editora da revista de literatura e arte Conexão Maringá http://www.conexaomaringa.com

3 comentários:

  1. É muito estranho, anda me lembro de brincar com meus avòs, e hoje é meu neto que brinva comigo.

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  2. Nossa fiquei encantada com a historia
    Muito bom ter lido.
    Obrigada

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