quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fragmento do livro "Psilinha Cosmo de Caramelo" (Nivaldete Ferreira)





Quando a gente acorda
E não sonhou,
parece que o mundo
tinha morrido...

Começa tudo outra vez...

E quando sonha
parece que a fronha
virou uma maquininha
de fazer coisa impossível...

Uma noite eu comi pipoca na cozinha de Deus.
Ele escolheu uma bem bonita,
me deu e disse: -O milho, quando queima,
vira flor...

Falei: -Mas dói...

Deus disse: -Dói quando a gente se queima...
E me mostrou uma pipoca no dedo.
Então soprei o dedo de Deus
e passei um pouquinho de nuvem.
Depois vim pra Terra voando numa música,
Hora staccato (ou será ora, onde está o gato?),
que um tal de Zamfir toca
numa gaita de bambu,
daquelas de índio.
Quando acordei senti cheiro de pipoca
no quarto.
Aí me levantei,
fui pra cozinha e fiz.

Só queimei dois dedos...

(ia esquecendo: e a panela)

E a maioria das pipocas
voou pela janela


Nivaldete Ferreira nasceu em Nova Palmeira-PB e é professora no Departamento de Artes da UFRN.
Doutorado em educação, com a tese "A boneca Emília: por uma pedagogia performática".
Fez estágio doutoral na Universidade Aberta de Lisboa-Portugal.
É autora de "Sertania", 1979, e "Trapézio e outros movimentos", 1994 (poesia).
Teve Menção Especial em concursos da União Brasileira de Escritores (1997), com "Psilinha Cosmo de Caramelo", para criança, e "O descanso das sílabas", conto.
Primeiro Lugar no Concurso Jesiel Figueredo de Textos Teatrais para Criança, com a peça "No reino dos distraídos"; Menção Honrosa no Concurso Câmara Cascudo de Prosa, com o romance "Memórias de Bárbara Cabarrús" (Prefeitura Municipal de Natal), publicado em 2008 pela Fundação Capitania das Artes-Natal-RN.
É autora ainda de: "Entre o carrossel e a lei", teatro, publicado em 2007 pela Editora da UFRN, e de um CD com músicas para crianças, falando do tema "água".
Trabalha atualmente em dois romances e mantém o blog http://lapisvirtual.blogspot.com/, onde escreve pequenas crônicas.
É compositora.

GATO (Nilto Maciel)


Seus olhos verdes

da cor do mato;

seu passo lento

como o de pato;

a garra ao vento

muito afiada;

fome por rato;

sono de fada;

tem sete vidas,

porém não quer

nada com idas

para qualquer

casa de cão

– a perdição.


Nilto Maciel nasceu em Baturité, Ceará, em 1945.
Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará em 70.
É editor da revista Literatura desde 91.
É autor de Itinerário (contos, 1974); Tempos de Mula Preta (contos, 1981); A Guerra da Donzela (novela, 1982);Punhalzinho Cravado de Ódio (contos, 198); Estaca Zero (romance, 1987); Os Guerreiros de Monte-Mor (romance, 1988);O Cabra que Virou Bode (romance, 1991); As Insolentes Patas do Cão (contos, 1991); Os Varões de Palma (romance, 1994);Navegador (poemas, 1996); Babel (contos, 1997); Panorama do Conto Cearense (ensaio, 2006) e A Leste da Morte (contos, 2006).
Tem contos e poemas publicados em esperanto, espanhol, italiano e francês.
O Cabra que Virou Bode foi transposto para a tela (vídeo), pelo cineasta Clébio Ribeiro, em 1993.
http://niltomaciel.blog.uol.com.br/
http://literaturasemfronteiras.blogspot.com

Os primos e o canto das sereias (Vicência Jaguaribe)

Uma história para o Daniel e a Miriam.

A turminha passava as férias em Tibau. Era primo se encontrando com primo. Primo inteiro e meio-primo. Primo torto e primo direito. Primo de um lado e primo do outro. E primo dos dois lados.
E a casa da prima ficava cheia – cheia de filhos, de sobrinhos e de primos. Aquela casa bem pertinho do mar... tão pertinho... mas tão pertinho mesmo que, quando era maré alta, a água batia no paredão de pedra.
- Ora! Mas você não sabe que o paredão foi construído por isso mesmo? Pra água não avançar!
E era gostoso, mas gostoso demais, porque os primos se sentiam como se estivessem em um navio! E o navio balançava... Para cá, para lá... Para cá, para lá... feito uma música de Debussy, como diz Manuel Bandeira. Querem ver? É assim:


Debussy

Para cá, para lá...
Para cá, para lá...
Um novelozinho de linha...
Para cá, para lá...
Para cá, para lá...
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Vem e vai...)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
- Psiu...
Para cá, para lá...
Para cá e...
- O novelozinho caiu.

E tinha o morrinho onde os primos e os meios-primos e todos os primos (vocês já sabem, não é? Eu já disse.) iam brincar, sempre que os adultos queriam dormir ou ficar em paz.
E tinha o Ceará.
- E o que é o Ceará?
- É um rochedo que fica à beira mar, marcando o limite entre os dois estados – o Rio Grande do Norte e o Ceará. Pra cá, Rio Grande do Norte; pra lá, Ceará.
- Pra lá, pra cá, como no navio?
- Não! No navio é o balanço. No rochedo, o lado – o lado de cá e o lado de lá.
Nesse rochedo, não sabe, havia uma caverna que os primos e os meios-primos...
- Já sei, você já disse.
Pois é, todos os primos gostavam de visitar. Mas tinha de ser em hora de maré baixa, porque, na maré alta, o mar enchia a caverna de água, de muita água mesmo. E aí, mesmo quem sabia nadar não podia sair.
- Não podia!?
Não! Não podia, porque a água do mar trazia o eco do canto das sereias. Fora isso que os primos ouviram dos pescadores.
- E daí? Que é que tem o canto da sereia?
Você não sabe que o canto da sereia encanta as pessoas e as leva para o fundo do mar? Você nunca ouviu falar de Ulisses?
- Não, nunca ouvi.
Então, já vou lhe contar. Ulisses foi um grego de muito tempo atrás, que, em suas aventuras pelo mar, passou perto da ilha onde viviam as sereias. Mas o herói sabia do perigo de passar por ali, porque quem ouvisse o maravilhoso canto das sereias seria atraído ao fundo do mar. O que foi que Ulisses fez? Quer saber? Ele mandou seus marinheiros taparem os ouvidos com cera e, depois, o amarrarem no mastro do navio.
- Amarrar!? Por quê?
É melhor perguntar pra quê. Para que ele pudesse ouvir o canto das sereias, sem correr perigo. E assim foi. Quando os gênios marinhos...
- Gênios marinhos!? O que é isso?
Ora, é outra maneira de chamar as sereias. Pois bem, quando os gênios marinhos começaram a cantar, Ulisses sentiu um enorme desejo de ir ao encontro delas, mas as cordas que o prendiam e seus companheiros o impediram de ir.
- Mas Ulisses foi esperto, hein!
É, ele era muito inteligente. Mas, voltando à nossa história...
- Sim, à história dos primos, que...
Um dia, resolveram entrar na caverna. Começaram a explorá-la e esqueceram-se da história da maré.
- Espera! Eles estavam explorando a caverna. Encontraram alguma coisa?
Encontraram, sim. Encontraram muita corda, umas bolas grandes de vidro, garrafas de vinho vazias... tudo coisa de navio. E aí a maré começou a subir... a subir... a subir... E eles não perceberam porque estavam na parte mais elevada. Até que um dos primos, ou dos meios-primos, ou dos... você já sabe... olhou para trás e percebeu a quantidade de água que... deu um grito e todos os primos se viraram. E se apavoraram. Mas uma das primas – uma menina que gostava muito de ler e sabia muitas histórias – lembrou-se de Ulisses e de sua experiência com as sereias. Imediatamente explicou o que devia ser feito: os meninos, e somente os meninos, deviam ser amarrados nas rochas pelas meninas.
- Por que só os meninos?
Porque as sereias só atraem os homens. O canto delas não tem nenhum efeito sobre as mulheres. As meninas, então, procuraram os lugares mais adequados e rapidamente prenderam os meninos. E as águas subiram... subiram... subiram... até quase atingir o lugar onde estavam os primos, os meios-primos, os primos tortos... todos os primos. De repente, toda a turminha ouviu... todos os primos juraram que ouviram... uma música maravilhosa, tão encantadora, que eles quase se libertavam das cordas e mergulhavam nas ondas. Mas as cordas estavam muito firmes. Depois de algum tempo, como a maré começou a baixar, o canto foi diminuindo... diminuindo... diminuindo... até desaparecer.
Um dos primos, um dos mais altos (tão alto que até joga basquete), depois que foi libertado das cordas, pensou em uma coisa muito importante:
- Eu acho que não devemos contar nada disso aos adultos. Eles, como sempre, vão dizer que é tudo imaginação da gente.
- Concordo com você. Vai ser um segredo só nosso – disse a prima que conhecia a história de Ulisses.
Esperaram que a maré baixasse mais e saíram da caverna. Puxa! Já era quase noite! Na certa, em casa, estava todo mundo preocupado. Eita! Que carão eles iam levar!
Quando começaram a caminhada de volta, viram – juram que viram – lá longe, no mar, na semi-escuridão do fim da tarde, elevando-se com as ondas, umas figuras estranhas, que pareciam ora peixe, ora mulher. Olharam por alguns minutos e foram em frente. Mas, durante o percurso de volta a casa, tiveram que encher-se de coragem, para enfrentar os adultos. Todos os primos. Primo inteiro e meio-primo. Primo torto e primo direito. Primo de um lado e primo do outro. E primo dos dois lados. Todos os primos, enfim.
- E eles levaram muito carão?
- Ah! isso eu não posso dizer. Só se contratarmos outra história.


Vicência Maria Freitas Jaguaribe
Natural de Jaguaruana-Ce
Professora de Literatura e Estilística da Universidade Estadual do Ceará
Mestra em Literatura pela UFC
Trabalhos publicados nas áreas de Literatura, Estilística e Lingüística do Texto
E-mail: vmjaguaribe@netbandalarga.com.br

MEU CANTO (Odete Ronchi Baltazar)


O sabiá come a banana,

o gaturamo, a sementinha,

o sanhaçu belisca a ameixa,

que está bem madurinha.



E o mamão amarelinho,

quem foi que bicou?

Deve ter sido o tié,

que cedinho aqui passou.



Os pardais, nos beirados,

fazem alvoroço, alegram a casa.

Acordam cedo, muito animados,

felizes por terem asas.



E eu fico feliz

de morar neste recanto.

Tem deleites pra toda a vida,

felicidade por todo o canto.




Odete Ronchi Baltazar, ou odeteronchibaltazar como é conhecida na internet, nasceu em Rio Maina, Município de Criciúma, Estado de Santa Catarina em 1953.
Atualmente reside em Florianópolis.
É formada em Língua Portuguesa, com especialização em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Publica seus trabalhos em sites, blogs, e-books e Antologias que saíram do virtual e foram para o mundo real.
Publicou o livro solo "Só Poesia" em maio de 2006, pela Editora da AVBL.


Seus sites pessoais:
http://www.odetepoesias.com.br/
http://www.palavrasmil.blogspot.com/

quinta-feira, 11 de junho de 2009

BOLINHAS DE SABÃO (Valéria Nogueira Eik)

Carolina foi passar uns dias na casa dos avós, que moravam na fazenda.
Fazia meses que vinha esperando pelo passeio, pois adorava ficar perto da Vovó Hortência e do Vovô Luís.
Corria e brincava o dia todo. E quando a noite se aproximava, a menina mal conseguia tomar o banho e jantar, pois estava muito cansada.
Mas Vovó era firme no taco e sem banho ninguém ficava naquela casa.
A cozinha tinha cheiro de pão que acabou de sair do forno. Era uma delícia!
A cama era macia e os lençóis muito branquinhos cheiravam à limpeza.
Era um convite ao descanso e até mesmo à preguiça.
A noite sobrevoava a fazenda e mal dava tempo do sono sonhar.
E todos se levantavam quando o galo cantava.
O café da manhã era um banquete.
Tinha pão caseiro, requeijão fresquinho, biscoitos e um leite muito gordo e gostoso.
Tinha bolo de fubá, de cenoura com chocolate, de laranja e até de abacaxi.
Carolina saía da mesa quase rolando de tanto comer e a Vovó sorria satisfeita.
Criança é um bichinho engraçado mesmo! Por mais atividade que tenha, sempre quer mais e Carolina não fugia à regra.
- Vovó! Do que eu vou brincar agora?
- Ah, minha filha! Tem tanta coisa pra fazer. Por que você não faz um colar de flores pra Vovó?
- Isso eu já fiz ontem.
- Então, por que você não vai pintar aqueles livrinhos lindos que a sua mãe mandou junto com os seus brinquedos?
- Tô sem vontade, Vovó. Eu queria fazer alguma coisa diferente!
- Ai, minha santa Filomena! Mande uma inspiração! A minha neta quer brincar de alguma coisa bem diferente!
- Quem é essa tal de Filomena, Vovó?
- É uma santa muito inteligente que me ajuda nas horas de apuro.
- E o que ela está falando pra você?
- Não estou conseguindo ouvir! Você não pára de falar!
E Vovó Hortência caiu na risada vendo a cara de espanto da neta.
Depois de pensar uns minutos, os olhos da Vovó brilharam de animação e ela disse:
- Já sei, Carolina! Vamos fazer bolinhas de sabão! E pra isso, vamos precisar de um caule de mamoeiro e uma caneca com água e detergente. O que acha?
- Adorei, Vovó! Quem chegar por último no mamoeiro é mulher do sapo!
Em pouco tempo, as duas estavam sentadas na varanda, fazendo bolinhas de sabão.
E eram tantas as bolinhas de todos os tamanhos, que o sol ficou muito assanhado, achando que elas eram espelhos onde ele poderia se admirar.
A cada sopro, muitas bolinhas invadiam a tarde e pareciam crianças alegres e agitadas.
Às vezes saíam aos pares e Vovó achou que pareciam comadres tagarelando sem parar.
De repente, Carolina fez uma bola muito grande e ficou com pena dela.
- Coitadinha! Ela está muito sozinha.
- É verdade, Carolina. Mas, olhe bem! Ela é única e por isso mesmo, muito especial. Veja como ela brilha. Parece uma rainha!
Vovô Luís chegou e ficou admirando a esposa. Ela estava muito linda e parecia uma menina.
Então, ele se sentou perto dela e falou:
- Minha Hortência! Veja como as bolinhas de sabão são criaturinhas puras e sem vaidade! Elas nem sabem o quanto são belas!
- É verdade, Luís. Elas vivem para colocar sorrisos nos rostos das pessoas de todas as idades.
- Vovô e Vovó estão namorando? Perguntou Carolina, soltando uma risada marota.
- Estamos sempre namorando, querida. É amor!
Vovô Luís soprou o ar do canudinho e duas bolinhas de sabão, muito lindas, formaram um coração e foram subindo, subindo, subindo...
- Como você fez isso, Vovô?


Valéria Nogueira Eik
Fotografias, histórias infantis, crônicas, poemas e contos publicados em vários sites literários. Editora da revista de literatura e arte Conexão Maringá http://www.conexaomaringa.com

quarta-feira, 10 de junho de 2009

LEITE COM CAFÉ (Maria da Graça Almeida)



Sou garoto curioso,

e pra bem me instruir,

o que me é misterioso,

tento logo descobrir.



Sem certeza ou sem fé,

indago desde pequeno:

se a vaca bebesse café,

o leite seria moreno?



do livro Olhos Espertos de Maria da Graça Almeida



Maria da Graça Almeida
Nascida em Pindorama- São Paulo.
Escritora, poetisa, professora, pedagoga e formada em Educação Artística.
Obras Físicas Publicadas:
Espelho, Poesias Sem Mistério, A Graça que o bicho Tem, Que traça sem graça,
Mitos do folclore, A Menina da janela, O Cuco Maluco,
O besouro doente, Olhos espertos
E-mail: ma.gla@uol.com.br

MENINO TRISTE (Ivone Boechat)


Menino triste,
desta rua triste,
vê se encontra o teu lugar,
bate nas portas,
exige tudo,
das almas mortas,
das bocas mudas
pra te escutar.
Menino triste
desta rua triste,
vê se existe
estrela no céu,
sacode as janelas,
acorde as pessoas
que passam na rua,
por passar,
grite por elas,
exige tudo
das almas mortas,
das bocas mudas
pra te amar.


Ivone Boechat
Natural do Estado do Rio.
Membro da Academia Duquecaxiense de Letras e Artes de Duque de Caxias-RJ.
Consultora em Educação.
E-mail: i.boechat@terra.com.br

CABRITO (Nilto Maciel)

Pula daqui, pula dali,
e nunca pára de berrar.
Procura a mãe a ruminar,
comer capim, bem distraída.
E nisso cresce, passa a vida,
até que salta mais e passa
a ser um bode e a ter raça.


Nilto Maciel nasceu em Baturité, Ceará, em 1945.
Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará em 70.
É editor da revista Literatura desde 91.
É autor de Itinerário (contos, 1974); Tempos de Mula Preta (contos, 1981); A Guerra da Donzela (novela, 1982);Punhalzinho Cravado de Ódio (contos, 198); Estaca Zero (romance, 1987); Os Guerreiros de Monte-Mor (romance, 1988);O Cabra que Virou Bode (romance, 1991); As Insolentes Patas do Cão (contos, 1991); Os Varões de Palma (romance, 1994);Navegador (poemas, 1996); Babel (contos, 1997); Panorama do Conto Cearense (ensaio, 2006) e A Leste da Morte (contos, 2006).
Tem contos e poemas publicados em esperanto, espanhol, italiano e francês.
O Cabra que Virou Bode foi transposto para a tela (vídeo), pelo cineasta Clébio Ribeiro, em 1993.
http://niltomaciel.blog.uol.com.br/
http://literaturasemfronteiras.blogspot.com

MEU QUINTAL (Odete Ronchi Baltazar)

Procurei no meu quintal
companhia pra solidão.
Encontrei tanta coisa,
que só, fico mais não.

Por aqui tem cebolinha,
tem salsa, tem graminha,
tem boldo, tem hortelã,
alecrim, arruda e palhinha.

Vejam só esta amora
que delícia, que encanto!
É onde a borboleta mora
e a aranha tem seu canto.

A joaninha-sete-pintas
faz charminho toda prosa,
pousa no meu dedo, serelepe,
faz piruetas e vai s’imbora.

Tem caracol por todo lado que,
vagarosos, pacientes,
carregam suas casas
no meu mundo, tão contentes!

As cigarras, no verão,
zinem, trilam fazendo um barulhão.
E, à noitinha, sem faltar,
berra alto o cigarrão.

Azedinha, serralha, dente de leão...
dizem ser ervas daninhas...
Pra mim são tão boazinhas!
Remédios pra minha solidão.


Odete Ronchi Baltazar, ou odeteronchibaltazar como é conhecida na internet, nasceu em Rio Maina, Município de Criciúma, Estado de Santa Catarina em 1953.
Atualmente reside em Florianópolis.
É formada em Língua Portuguesa, com especialização em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Publica seus trabalhos em sites, blogs, e-books e Antologias que saíram do virtual e foram para o mundo real.
Publicou o livro solo "Só Poesia" em maio de 2006, pela Editora da AVBL.
Seus sites pessoais: