Quando a gente acorda
E não sonhou,
parece que o mundo
tinha morrido...
Começa tudo outra vez...
E quando sonha
parece que a fronha
virou uma maquininha
de fazer coisa impossível...
Uma noite eu comi pipoca na cozinha de Deus.
Ele escolheu uma bem bonita,
me deu e disse: -O milho, quando queima,
vira flor...
Falei: -Mas dói...
Deus disse: -Dói quando a gente se queima...
E me mostrou uma pipoca no dedo.
Então soprei o dedo de Deus
e passei um pouquinho de nuvem.
Depois vim pra Terra voando numa música,
Hora staccato (ou será ora, onde está o gato?),
que um tal de Zamfir toca
numa gaita de bambu,
daquelas de índio.
Quando acordei senti cheiro de pipoca
no quarto.
Aí me levantei,
fui pra cozinha e fiz.
Só queimei dois dedos...
(ia esquecendo: e a panela)
E a maioria das pipocas
voou pela janela
Nivaldete Ferreira nasceu em Nova Palmeira-PB e é professora no Departamento de Artes da UFRN.
Doutorado em educação, com a tese "A boneca Emília: por uma pedagogia performática".
Fez estágio doutoral na Universidade Aberta de Lisboa-Portugal.
É autora de "Sertania", 1979, e "Trapézio e outros movimentos", 1994 (poesia).
Teve Menção Especial em concursos da União Brasileira de Escritores (1997), com "Psilinha Cosmo de Caramelo", para criança, e "O descanso das sílabas", conto.
Primeiro Lugar no Concurso Jesiel Figueredo de Textos Teatrais para Criança, com a peça "No reino dos distraídos"; Menção Honrosa no Concurso Câmara Cascudo de Prosa, com o romance "Memórias de Bárbara Cabarrús" (Prefeitura Municipal de Natal), publicado em 2008 pela Fundação Capitania das Artes-Natal-RN.
É autora ainda de: "Entre o carrossel e a lei", teatro, publicado em 2007 pela Editora da UFRN, e de um CD com músicas para crianças, falando do tema "água".
Trabalha atualmente em dois romances e mantém o blog http://lapisvirtual.blogspot.com/, onde escreve pequenas crônicas.
É compositora.